Entenda o propósito da ilha em Lost e como ela molda o destino do mundo

Antes de iniciar a leitura, uma informação: caso ainda não tenha acomponhado a série Lost, aqui contém vários spoilers.

A narrativa de Lost sempre foi envolta em mistério, deixando muitos espectadores confusos sobre o real significado da ilha misteriosa. A série, conhecida por seu enredo complexo, nunca ofereceu uma explicação definitiva sobre o propósito da ilha, e isso gerou diversas teorias entre os fãs. Uma das razões para essa falta de clareza foi a flexibilidade que os roteiristas tiveram durante a produção, ajustando a trama de acordo com as demandas da emissora. Isso resultou em alguns buracos na história e mistérios que nunca foram completamente resolvidos.

Apesar desses problemas, o roteiro de Lost se destaca por não “entregar” uma única interpretação dos acontecimentos. Isso permite que cada espectador crie suas próprias teorias. Entre as teorias mais populares, algumas sugerem que os personagens já estavam mortos desde o início, enquanto outras acreditam que a ilha era uma nave espacial. Entretanto, há uma visão particular que se sobressai.

Em uma entrevista na edição nº 6 da Lost: The Official Magazine, lançada entre as temporadas 2 e 3, foi especulado que a grande revelação seria: “O que é essa ilha? De onde ela veio? E quem a colocou lá?“. À medida que as temporadas avançaram, a ilha tornou-se um elemento central na trama, e até hoje, 20 anos depois, continua sendo discutida pelos fãs.

Com Lost disponível para streaming na Netflix e no Disney+, tanto novos quanto antigos espectadores podem revisitar a série e especular sobre o verdadeiro propósito da ilha e os sacrifícios que ela exige.

A ilha de Lost: fonte da vida e conexão espiritual

Embora muitos acreditem que a ilha seja o pós-vida, ela é claramente apresentada como um local físico. No entanto, a ilha possui poderes sobrenaturais, sendo quase retratada como uma entidade viva. Esses poderes são notáveis, como o caso de Rose, que foi diagnosticada com câncer antes do acidente de avião, mas que, ao chegar na ilha, experimenta uma remissão espontânea de sua doença. A ilha é descrita como uma fonte de energia eletromagnética, que carrega suas águas com propriedades especiais.

Em contraste, Os Outros (o grupo que já habitava a ilha) bebem água engarrafada, o que pode explicar por que Ben Linus, um dos líderes dos Outros, desenvolveu câncer na ilha. Isso sugere que a ilha é uma espécie de “manancial divino”, comparável ao conceito de Axis Mundi, que representa um ponto de conexão entre o mundo físico e o espiritual.

Além de suas águas sagradas, a ilha também parece ser o ponto de equilíbrio do universo, mantendo as forças malignas à distância. A ambiguidade mantida pelos roteiristas foi o que garantiu o sucesso duradouro da série, permitindo que os espectadores projetassem suas próprias crenças e interpretações sobre a ilha.

A ilha e o destino do mundo

A energia da ilha não está apenas conectada ao destino dos sobreviventes, mas ao destino de todo o mundo. Um dos principais enredos da série envolve a Iniciativa DHARMA, que é responsável por digitar uma sequência de números a cada 108 minutos no computador da Estação Cisne. Esses números são os mesmos que Hurley utilizou para ganhar na loteria, um mistério que conecta a ilha ao mundo exterior.

O objetivo de digitar os números é evitar um acúmulo perigoso de energia eletromagnética, que, se não for controlado, pode causar desastres, como o acidente do voo 815, provocado por Desmond Hume quando ele não conseguiu pressionar o botão a tempo.

No entanto, a proteção da ilha não começou com a DHARMA. Conforme a trama avança, é revelado que essa responsabilidade existia muito antes da chegada dos sobreviventes. A ilha é um dos poucos pontos no planeta que contêm essa energia especial, e se sua “luz” fosse extinta, o equilíbrio do mundo seria desfeito, resultando em uma catástrofe global.

O propósito dos sobreviventes: Encontrar um novo protetor da Ilha

Com o desenrolar da história, o foco da série muda de proteger os sobreviventes do voo 815 para proteger a própria ilha. Embora os personagens acreditem ter livre-arbítrio, suas ações fazem parte de um plano maior. Flashbacks revelam que muitos deles foram escolhidos para estar na ilha por razões específicas, como no caso de John Locke, que foi “candidato” a proteger a ilha desde o seu nascimento, como mostrado em um flashback na quarta temporada.

Um dos pontos centrais da trama envolve o conflito entre os irmãos imortais Jacob e o Homem de Preto (também conhecido como O Monstro de Fumaça). Enquanto Jacob acredita na bondade da humanidade, o Homem de Preto é mais cético, acreditando que os seres humanos são inerentemente corruptos.

Jacob traz os sobreviventes à ilha como parte de seu plano para encontrar um sucessor que continue a proteger o local e garantir que o equilíbrio do mundo seja mantido.

Os vilões e a luta pelo poder da Ilha

Diversos vilões tentam explorar os poderes únicos da ilha ao longo da série. A ilha é poderosa, capaz de curar doenças, aumentar a fertilidade e até manipular o tempo e o espaço. A Iniciativa DHARMA, embora tenha um nome que se refere às leis positivas da natureza, tenta usar a ciência para explorar esses poderes, muitas vezes para fins egoístas.

No entanto, nenhum vilão chega tão perto de controlar a ilha quanto o Homem de Preto. Ele tenta utilizar a “luz” da ilha para escapar, acreditando que aquele não é o seu lugar. Sua primeira tentativa, no entanto, o transforma no Monstro de Fumaça, uma figura temida ao longo da série.

Eventualmente, ele mata Jacob, mas seus planos de deixar a ilha falham. Ao final, Jack Shephard e Kate Austen conseguem derrotá-lo, mas a luta entre esses personagens e a ilha continua sendo um dos pontos mais memoráveis da série.