Mishal Husain deixa o programa Today da BBC: Rumores de salário e desafios para a emissora
Sua saída se soma a outras recentes de apresentadores, incluindo Gary Lineker e Zoe Ball, embora nenhum tenha deixado a BBC completamente.
Mishal Husain, apresentadora do programa Today da BBC, anunciou sua saída após 11 anos. Ela se juntará à Bloomberg para apresentar uma série de entrevistas nos fins de semana.
Jonathan Munro, executivo da BBC News, afirmou que a extenuante rotina matutina contribuiu para a decisão de Husain. A BBC, segundo ele, “fez esforços para encontrar outras excelentes oportunidades” para a apresentadora, mas reconhece que a saída é compreensível e deseja “toda a sorte” em seu novo capítulo.
Munro sugeriu que a Bloomberg oferece um salário maior que a BBC. No ano passado, Husain estava entre os maiores salários da equipe de notícias, com um salário entre £340.000 e £344.999. Sua saída se soma a outras recentes de apresentadores, incluindo Gary Lineker e Zoe Ball, embora nenhum tenha deixado a BBC completamente.
Munro destacou o grande desafio enfrentado pela emissora britânica, mencionando o investimento maciço da China e da Rússia em “propaganda global”. Ele revelou que ambos os países estão investindo cerca de £8 bilhões em notícias internacionais, enquanto o BBC World Service gasta por volta de £400 milhões por ano. A maior parte do investimento é atribuída à China (entre £5 bilhões e £6 bilhões), seguida pela Rússia (cerca de £2 bilhões). Outros países, como Irã e Turquia, estão se tornando “mais ativos nessa área”.
Munro alertou sobre os perigos desse investimento maciço. Ele citou casos de jornalistas da BBC News na Nigéria que foram contratados pela agência russa Sputnik, que divulga propaganda sem contestação sobre eventos como as recentes explosões em Beirute. Ele declarou: “Isso significa que, se você for para países da África Subsaariana, a mídia predominante é uma agência de notícias patrocinada pela Rússia ou pela China, ou ambas.”
Apesar das dificuldades, o BBC World Service receberá um aumento de £33 milhões em seu investimento governamental este ano, totalizando £137 milhões. Isso representa cerca de um terço do orçamento total do serviço, em comparação com um quarto no ano anterior. Esse acordo, no entanto, é válido apenas por um ano. Munro expressou a esperança de que, no futuro, o governo assuma todo o financiamento, rejeitando a ideia de que isso comprometeria a independência do World Service.
Ele declarou: “Com ressalvas, acreditamos que seria um resultado melhor”, lembrando que o World Service só é financiado pela taxa de licença na última década. O documento orçamentário do Reino Unido afirma: “Em 2025-26, o acordo prevê um aumento no financiamento ao BBC World Service, protegendo a prestação de serviços em idiomas estrangeiros e sua missão de entregar mídia globalmente confiável, em apoio à presença global do Reino Unido e ao seu poder brando.”
O diretor-geral da BBC, Tim Davie, vinha pressionando por mais financiamento governamental para o World Service. Ele alertou recentemente que, sem mais investimentos, a Rússia e a China preencheriam as lacunas deixadas pelo World Service, que existe há quase 100 anos. Munro elogiou o World Service por ser um “principal ponto de entrega do poder brando” para o governo.