O que vem depois de Avatar? James Cameron revela plano ambicioso
James Cameron adaptará os livros "Last Train from Hiroshima" e "Ghosts of Hiroshima" após concluir a saga Avatar, explorando os bombardeios atômicos no Japão.
James Cameron, diretor por trás de filmes como Titanic e Avatar, comprou os direitos de adaptação do livro Ghosts of Hiroshima, de Charles Pellegrino. O anúncio marca o retorno do cineasta a um tema de impacto histórico e emocional, longe do universo fictício de Pandora, enquanto conclui a produção das sequências de Avatar. Cameron planeja iniciar o projeto assim que a franquia Avatar permitir.
O próximo filme, que se chamará Last Train from Hiroshima, será baseado nos livros Last Train from Hiroshima (2015) e Ghosts of Hiroshima, que será publicado em 2025. As obras documentam o impacto dos bombardeios atômicos que devastaram as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945.
A narrativa do filme se concentrará em Tsutomu Yamaguchi, uma figura real que sobreviveu a ambas as explosões atômicas, tornando-se um símbolo da resistência humana diante de uma das maiores tragédias da história.
O interesse de Cameron pelo tema
O desejo de Cameron de explorar o impacto dos bombardeios atômicos no Japão não é recente. Ele admitiu em entrevista ao Deadline que, durante anos, vem se debatendo sobre como contar essa história de forma apropriada. Seu encontro com Yamaguchi foi um dos catalisadores que o levaram a finalmente se comprometer com o projeto. Cameron relembra o encontro com emoção, descrevendo a sensação de estar recebendo diretamente o legado de um sobrevivente das duas maiores tragédias nucleares da história.
“Tenho que contar essa história. Não posso me afastar disso”, disse Cameron. A promessa feita ao sobrevivente é de levar sua história, marcada pela destruição e resiliência, para as telas de cinema e transmitir às futuras gerações a devastação e o impacto da guerra nuclear.
Dos livros à tela: o que esperar do filme?
Os livros de Charles Pellegrino, autor que já trabalhou com Cameron como consultor científico em Titanic e Avatar, mergulham nas vozes e testemunhos de sobreviventes dos ataques, tanto do lado japonês quanto americano. Eles trazem detalhes sobre os dois dias em que as bombas mudaram a história da humanidade para sempre, através de uma combinação de arqueologia forense e relatos de primeira mão.
A perspectiva única de Pellegrino, aliada ao talento de Cameron para misturar drama humano e tecnologia cinematográfica, sugere que o filme trará uma visão aprofundada dos horrores da guerra e das consequências dos bombardeios nucleares. Com base no histórico do diretor em combinar narrativa poderosa e inovação visual, é possível que o filme seja tão emocionalmente arrebatador quanto esteticamente impressionante.
Cameron e o medo da guerra nuclear
O medo de uma guerra nuclear é um tema recorrente no trabalho de James Cameron. Filmes como O Exterminador do Futuro (1984) e sua sequência O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991) exploram os riscos da tecnologia avançada se voltando contra a humanidade, algo que reflete a preocupação do diretor com o uso irresponsável de armas nucleares. Esse medo, segundo Cameron, está profundamente enraizado em sua experiência pessoal, ao crescer durante a Crise dos Mísseis de Cuba, quando o mundo esteve à beira de uma guerra nuclear.
Embora as sequências de Avatar tenham dominado o foco de Cameron nos últimos anos, esse novo projeto marca uma guinada para o cineasta, que revisita um dos momentos mais sombrios da história moderna.
A lacuna deixada por “Oppenheimer”
A chegada de Oppenheimer (2023), dirigido por Christopher Nolan, trouxe a história do desenvolvimento da bomba atômica para as telas. No entanto, o filme de Nolan não aborda diretamente os impactos da bomba sobre o Japão, focando mais nos bastidores da criação da arma. Quando questionado sobre isso, Nolan mencionou que essa parte da história poderia ser contada por outro cineasta.
Com a adaptação de Last Train from Hiroshima, Cameron parece pronto para preencher essa lacuna, oferecendo uma visão detalhada e pessoal sobre o sofrimento causado pelos ataques nucleares. O filme pode, de certa forma, ser uma resposta cinematográfica ao que Oppenheimer sugeriu, mas não explorou completamente.
Com Avatar: Fire and Ash, o terceiro filme da franquia, previsto para estrear em 2025, Cameron já tem uma agenda de trabalho lotada até pelo menos 2031, com mais dois filmes planejados para concluir a saga de Pandora. No entanto, o diretor está determinado a reservar tempo para seu novo projeto histórico assim que as filmagens de Avatar permitirem.