A novela “Mar do Sertão” encerra sua trajetória na Globo nesta sexta-feira (17/03) com a missão cumprida de manter e melhorar os índices de audiência do horário das seis. Num paralelo do folhetim como um todo, ele transbordou carisma nos personagens, mas teve uma fraca gestão de história.
O principal problema se fincou na história principal, com o triângulo amoroso entre Candoca (Isadora Cruz), José (Sergio Guizé) e Tertulinho (Renato Góes). Os principais argumentos para segurar a história dos três, que eram a volta de Zé Paulino após ser dado como morto, e a identidade do pai de Manduca (Enzo Diniz), foram esgotados antes mesmo do primeiro mês no ar.
De lá para cá, o conflito dos mocinhos e o vilão se instaurou em uma vingança de Tertulinho que nunca se confirmou. O único momento que estremeceu o núcleo central foi por volta do capítulo 100, com a revelação de que José e o filho do Coronel Tertúlio (José de Abreu) eram irmãos.
Chegado o último capítulo, após tantos fracassos em destruir a relação de Candoca e Zé Paulino, Tertulinho nem mesmo surge com uma última cartada, tendo o antagonismo transferido para mãe, Deodora (Debora Bloch).
Mar do Sertão teve força com personagens secundários carismáticos
O que afeiçoou “Mar do Sertão” com o público noveleiro das seis foram seus personagens com carisma elevado. A sofrida Xaviera (Giovana Cordeiro) se destacou pela bondade e resiliência. Muitos a apontam como a verdadeira mocinha da trama.
Quem não riu das falcatruas de Sabá Bodó (Welder Rodrigues) e Nivalda (Titina Medeiros), ou das aventuras de Timbó (Enrique Diaz), que encontrou petróleo em suas terras.
Além disso, Deodora, já citada, roubou a cena durante várias semanas ao lado de Pajeú (Caio Blat), um matador que caiu nas graças de todos. Principalmente pelas fofuras do filhinho Cirinho (Theo Matos).
Teve também o ingênuo e sedutor Joel Leiteiro, interpretado por Matteus Cardoso. Ao passo que ele corria atrás de Anita (Julia Mendes), ele tirou suspiros das donas de casa nas cenas sem camisa.
Outra marca registrada do folhetim foram as cenas do próximo capítulo apresentadas em forma de repente pela dupla Juzé e Lukete. Tem quem assistiu a novela só para ver os dois darem um show à parte no fim de cada dia.
Por fim, escrita por Mário Teixeira, “Mar do Sertão” foi vítima de um deslize que o autor já teve com outras novelas: dizer as coisas rápidos demais e deixar o decorrer do enredo com história de menos.
Mas a trama das seis se encerra com dois grandes legados: valorizar o Nordeste do país e revelar vários talentos para a grande dramaturgia brasileira.