Em 2022, Regina Duarte se viu em um “limbo” artístico após duas tentativas frustradas de retorno aos palcos. A atriz, que atuou como secretária especial de Cultura do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, teve o nome rejeitado por autores que, segundo a própria artista, “não quiseram se envolver”.
Isolada por parte dos colegas de profissão, a veterana diz que encontrou na arte botânica um caminho possível de expressão. Ela transforma folhas, galhos e cascas secas em quadros. O trabalho, paixão que descreve como “avassaladora”, começou em janeiro e deu origem à mostra “A Natureza e Eu: Novas Descobertas”.
Regina Duarte fala dos motivos que a levaram aceitar o cargo no governo Bolsonaro, as consequências da decisão para a carreira e a vida pessoal, a nova profissão e como a passagem do tempo desperta interesse pela finitude da própria vida. Fui descobrindo, aos poucos, que eu estou interessada na minha morte. É um tema que, na minha idade, não dá para não passar. Eu sei que uma hora eu vou, como todo mundo vai, para outro lugar”.
“Comecei a prestar mais atenção em como mastigo, o que eu como, que quantidade o meu corpo precisa. E cortei o café, porque não gosto de café, gosto do açúcar do café, e como cortei o açúcar, não tomo mais café. Exemplos bobinhos, assim, mas importantes”.
Regina Duarte fala sobre rejeição e novos amores
A imagem pública de Regina Duarte se transformou drasticamente desde que o nome dela passou a ser associado ao governo do ex-presidente. A atriz, embora nos anos anteriores já se manifestara politicamente, intensificou a participação no debate público durante a gestão bolsonarista seja de forma direta ou por meio de declarações alinhadas à direita.
A namoradinha do Brasil, que ao longo de cinco décadas deu vida a personagens icônicos na teledramaturgia da Globo, passava a ocupar um novo espaço no imaginário de milhões de brasileiros. A atuação em Brasília, porém, também fez a veterana experimentar o “doloroso” isolamento.
“Tentei fazer teatro no ano passado, mas os dois textos que escolhi não foram aprovados pelos autores. Não quiseram se envolver comigo, por suas razões, que eu entendo perfeitamente. Então, fiquei assim, meio no limbo, ano passado todo, e no início deste ano o anjo jogou umas folhas em cima de mim”.
“Eu me descreveria como uma avó muito coruja, muito apaixonada pelos netos. Muito grata aos meus filhos, que me deram essas preciosidades. E é como se eu tivesse cumprido uma missão. Eu vim para isso, para fazer o que fiz. (na arte). Para levar alegria para o povo, emoção, despertar sentimentos inusitados, fazer chorar até. E isso me dá muita gratificação”.