Sempre tive a crença de que um ator, ou uma atriz, tem que ser seu primeiro empresário. Ele é quem tem que analisar se um determinado papel irá trazer algo positivo ou negativo para a sua carreira. Uma escolha errada pode marcar o início do fim de uma história “vitoriosa”.
Veja o caso do ator Nicolas Prattes, o Rudá de “Mania de Você”. O ator tinha o sonho de atuar numa novela das 9, a mais importante da TV brasileira. O jovem vinha de uma carreira, de um certo ponto, brilhante, vivendo vários protagonistas nos horários das 5, das 6 e das 7.
Porém, foi em “Todas as Flores”, a novela das 9, que virou da Globoplay e depois foi para a janela aberta como novela das 11, que o ator trabalhou, pela primeira vez, num papel mais profundo, do mesmo autor de “Mania de Você”.
Por isso não pensou duas vezes ao aceitar o convite para protagonizar a atual novela das 9. Eis aí o erro. O Rudá lembra, e muito, o seu Diego de “Todas as Flores”, ambos estão em busca de provar sua inocência e de se vingarem de seus algozes. Soma-se a isso, o fato de Rudá ser, absolutamente, mal construído. O herói da novela comete erros absurdos, como, por exemplo, não ter responsabilidade afetiva com as mulheres com as quais se envolve.
E ocorreu o que se esperava: o público odeia o Rudá e, quando o personagem não é bem aceito, a culpa cai em seu intérprete. Muitos telespectadores acham o tom de Nícolas o mesmo nas duas novelas. O fato de Rudá estar sempre com lágrimas nos olhos, em qualquer cena, também passou a incomodar.
A novela das 9, ainda que fracassada, como a atual, ainda é a maior vitrine da televisão brasileira, seja para falar bem ou mal. A pergunta que não quer calar é: o que será da carreira do ator após essa novela. O primeiro ato é descansar a imagem e torcer para que algum roteirista ou diretor dê uma nova chance.
Vale lembrar o que aconteceu com Marina Ruy Barbosa em “Amor à Vida”, em 2013. A atriz teria se recusado a raspar o cabelo na novela e o Walcyr transformou sua personagem num fantasma sem fala. A carreira da atriz teria terminado ali, se não fosse por um motivo: Aguinaldo Silva. O outro novelista a convidou para ser um dos principais personagens de “Império”, em 2014, e transformou, a então atriz infantil, numa atriz amadurecida, a ponto de, em 2015, ter feito sua primeira protagonista absoluta em “Totalmente Demais”, um sucesso estrondoso no horário das sete.
Se não fosse Aguinaldo, provavelmente a carreira da atriz teria terminado em 2013 por uma escolha “infeliz”. Resta agora, torcer para que Nícolas tenha a mesma sorte. E que as atrizes, e os atores, façam escolhas coerentes pensando no amanhã e não na excitação do agora.