A década de 1980 foi um período de ouro para a teledramaturgia brasileira, com a TV Globo consolidando-se como a principal produtora de novelas no país. As produções da emissora marcaram gerações e conquistaram milhões de telespectadores, que paravam tudo para assistir aos dramáticos desfechos e tramas envolventes. As novelas dessa época destacaram-se não apenas pela qualidade de suas histórias, mas também pela habilidade de abordar temas sociais, políticos e culturais, criando uma conexão profunda com o público.
Entre os grandes sucessos que dominaram as telinhas, cinco se sobressaem pelo impacto que causaram e pelo legado que deixaram para a teledramaturgia. A seguir, relembramos todas, com histórias inesquecíveis e personagens icônicos que até hoje são referência no imaginário popular.
5º lugar: O Salvador da Pátria (1989)
Escrita por Lauro César Muniz, O Salvador da Pátria apresentou uma narrativa repleta de críticas políticas e sociais. A trama gira em torno de Salvador da Silva, conhecido como Sassá Mutema (interpretado por Lima Duarte), um homem humilde que se vê envolvido em um esquema de corrupção ao ser manipulado pelo poderoso deputado Severo Toledo Blanco (Francisco Cuoco). Sassá é utilizado como bode expiatório em um caso de adultério e, posteriormente, é alçado à posição de candidato à prefeitura.
A novela destacou-se pela abordagem de temas como a manipulação política e a luta de classes, o que a fez ressoar profundamente em um Brasil que vivia um período de redemocratização. O Salvador da Pátria foi um grande sucesso de audiência e deixou uma marca importante na teledramaturgia brasileira, especialmente pela interpretação magistral de Lima Duarte.
4º lugar: Sassaricando (1987)
Escrita por Silvio de Abreu, Sassaricando foi uma comédia leve e divertida, transmitida no horário das sete da noite. A trama segue a vida de Aparício Varela (Paulo Autran), um viúvo que decide viver intensamente após a morte de sua esposa tirana, Teodora Abdala (Jandira Martini). Aparício, herdeiro do império Abdala, se envolve com três mulheres, cada uma representando um aspecto diferente da vida que ele sempre desejou: a estilista Rebeca (Tônia Carrero), a dona de casa Penélope (Eva Wilma) e a atriz Leonora (Irene Ravache).
Com um enredo leve e repleto de humor, Sassaricando conquistou o público com personagens caricatos e situações engraçadas, além de contar com atuações marcantes do elenco principal. A novela é lembrada até hoje por sua capacidade de trazer leveza e diversão às noites brasileiras, criando bordões e momentos inesquecíveis na memória coletiva do país.
3º lugar: Vale Tudo (1988)
Vale Tudo, de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, é considerada uma das novelas mais importantes e marcantes da história da televisão brasileira. A trama explora temas como corrupção, ambição e falta de ética em uma sociedade onde “vale tudo” para se obter sucesso. O embate entre a íntegra Raquel Accioli (Regina Duarte) e sua filha ambiciosa Maria de Fátima (Glória Pires) envolveu o público em uma história repleta de conflitos morais.
Além disso, Vale Tudo trouxe um dos maiores mistérios da teledramaturgia: “Quem matou Odete Roitman?” (Beatriz Segall), a grande vilã da novela. O suspense em torno do assassinato parou o país e continua sendo lembrado como um dos maiores momentos da televisão brasileira. Vale Tudo permanece atemporal e é referência quando o assunto é crítica social nas novelas.
2º lugar: Roque Santeiro (1985)
Baseada na peça de Dias Gomes, Roque Santeiro se tornou um marco na televisão brasileira. Protagonizada por José Wilker, Regina Duarte e Lima Duarte, a novela narra a história de Roque Santeiro, dado como morto após defender a cidade de Asa Branca de um ataque de bandidos. A suposta morte de Roque transforma o personagem em um herói popular, enquanto os moradores da cidade lucram com a sua lenda.
Roque Santeiro foi originalmente escrita em 1975, mas só foi ao ar em 1985 devido à censura. Quando finalmente estreou, a novela foi um sucesso estrondoso, misturando críticas políticas e sociais com elementos de realismo fantástico. O personagem Sinhozinho Malta, vivido por Lima Duarte, e seu famoso bordão “Tô certo ou tô errado?” são até hoje lembrados como ícones da teledramaturgia.
1º lugar: Tieta (1989)
Adaptação do romance Tieta do Agreste, de Jorge Amado, a novela Tieta, escrita por Aguinaldo Silva, foi um grande sucesso da TV Globo. A trama conta a história de Tieta (Betty Faria), uma mulher que volta à sua cidade natal, Santana do Agreste, no Nordeste brasileiro, após ter sido expulsa pelo pai, Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos), devido ao seu comportamento liberal. Vinte e cinco anos depois, Tieta retorna rica e poderosa, disposta a se vingar daqueles que a maltrataram.
A novela se destacou pela ousadia de seus temas e pela vibrante ambientação nordestina, misturando elementos culturais e folclóricos com o drama e a comédia. O romance polêmico de Tieta com seu sobrinho Ricardo (Cássio Gabus Mendes) também foi um dos pontos altos da trama. Tieta tornou-se uma das maiores audiências da década e consolidou-se como um clássico da teledramaturgia brasileira.
As novelas dos anos 80 marcaram uma era de excelência na televisão brasileira, com tramas envolventes, críticas sociais e personagens inesquecíveis. Produções como Tieta, Roque Santeiro e Vale Tudo não apenas conquistaram o público, mas também moldaram a identidade da TV Globo como uma das maiores produtoras de telenovelas do mundo. Confira o vídeo feito pelo canal Geração Nostalgia sobre o tema:
