Se a Globo encontra problemas para emplacar sua atual novela das 9, o mesmo não pode se dizer das novelas das seis e das sete, que não só mantiveram o público do horário, como ainda levantaram um pouco mais a audiência.
Pela primeira vez, desde a sua fundação, a Globo tem, em suas três novelas inéditas, heroínas interpretadas por mulheres pretas: Duda Santos, Jéssica Ellen e Gabz, protagonizam, respectivamente, as novelas das seis, das sete e das nove. É uma reparação histórica, uma vez que as atrizes pretas sempre ficaram restritas a escravas ou empregadas domésticas.
É, sobretudo, um pedido de desculpas à grandes damas da televisão brasileira, mas que nunca foram valorizadas pela Globo, e que hoje não se encontram entre nós, como: Léa Garcia, Ruth de Souza e Chica Xavier, por exemplo.
Com exceção da Gabz, que tem, em suas mãos, uma mocinha com um arco dramático mal construído pelo autor, as outras duas atrizes têm grandes personagens para poderem apresentar um bom trabalho.
Duda Santos fez Maria Santa, tal personagem, a Santinha, parece ter o dom de abençoar as atrizes que as interpretam. Tanto na versão de 93, como na versão de 2024, as duas intérpretes saíram da novela do horário nobre e foram interpretar protagonistas no horário das 18. Para quem não se lembra, Patrícia França saiu de “Renascer” direto para “Sonho Meu”. Duda Santos segue pelo mesmo caminho.
Apesar de não ter mudado o visual, e de ainda carregar tintas de Maria Santa, Duda consegue trazer frescor às cenas com sua Beatriz, a heroína que acha que foi abandonada e que quer entender o motivo da sua mãe tê-la rejeitado e de ainda ter uma nova filha com o mesmo nome dela. Uma trama de amor entre mães e filhos sempre costuma chamar atenção do público.
Soma-se a isso, o fato de “Garota do Momento” ser um produto de qualidade, com um elenco de estrelas e um texto afiado. Certamente não será difícil para Duda entregar uma boa personagem.
Já Madá, a heroína da novela das sete, é mais correta, seu excesso de justiça, e de bondade, poderia soar insuportável, mas o carisma de Jéssica Ellen, faz com que o público compre e entenda as atitudes da personagem. Apesar do arco muito bem construído da personagem, foi uma pena Cláudia Souto não ter se aprofundado mais com a briga de gato e rato entre Madá e Jão. Juntar os protagonistas, logo no primeiro mês de novela, não parece algo muito interessante. Resta ver o que a autora tem reservado, já que a novela só chegará ao fim apenas em abril.
Uma pena João Emanuel Carneiro não ter construído uma Viola com as características de uma heroína clássica. As várias falhas da mocinha, fizeram com que o público torcesse o nariz para a interpretação da atriz. É torcer para que Viola não atrapalhe a carreira de sua intérprete.
Obs.: Hoje fora divulgada a primeira foto de Taís Araújo como Raquel Accioly, a heroína de “Vale Tudo”. Raquel foi uma personagem muito bem construída pelos autores originais da novela e muito bem defendida por sua intérprete. É torcer para que Manoela Dias não estrague a personagem e que Tais Araujo aguente o rojão de interpretar uma das personagens mais icônicas da teledramaturgia.