Emocionante, dramática e real. Estas são três palavras que podem definir a estreia de “Amor de Mãe”, nova novela das nove da Globo, que estreou nesta segunda (25). Ademais, foi um início bem feito, que mostrou as reais intenções da trama, além de definir a linha que guiará as histórias das três protagonistas. Lurdes (Regina Casé), Thelma (Adriana Esteves) e Vitória (Taís Araújo). São elas que darão o tom. E nos farão chorar.
De início, Manuela Dias deu um jeito de cruzar o caminho das três mulheres, que não se conheciam. A cena de abertura, com Vitória conversando com Lurdes numa entrevista de emprego, trouxe um conceito sofisticado, nos colocando na visão de Vitória sobre Lurdes, sem mostrar a entrevistadora. Dali, mergulhamos no passado sofrido de Lurdes, em que ela tem seu filho vendido pelo próprio marido.
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Neste ponto, fomos agraciados com a atuação de Lucy Alves como Lurdes mais nova, mostrando a veracidade da mãe que ama seu filho acima de tudo. Em seguida, Vitória entrega seu drama, o de ter perdido um filho ainda grávida, após cair na saída de um julgamento, já que é advogada.
Não bastasse isso, voltando para casa, Lurdes salva Thelma de ser atropelada no momento que a mulher quase desmaia no meio da rua. No hospital, vem o drama de Thelma: tem um aneurisma e não há como operar o problema.
O “vilão” é a vida
De cara, o estilo de Manuela Dias, apesar de soar como novo para o horário, remete a um velho conhecido: Manuel Carlos. Isso porque o texto de Manuela é verdadeiro, de qualidade, e traz situações bem humanas, algo que “Maneco” já explorou como ninguém.
Numa produção praticamente sem vilões, o grande algoz de “Amor de Mãe” é a vida, simplesmente. Tudo de dramático, doloroso e triste que a vida pode nos trazer. E a autora deixou bem claro o “vilão” de cada protagonista.
Lurdes procura seu filho desaparecido; Thelma lutará para viver para seu filho, mesmo com um aneurisma e Vitória correrá atrás do sonho de ser mãe.
Aspectos inovadores em “Amor de Mãe”
“Amor de Mãe” se livrou de uma alegoria amplamente usada nas novelas: as fases. Um exemplo é a antecessora “A Dona do Pedaço”, que teve duas épocas distintas de história. Aqui não. Tudo do passado foi lembrado em simples “flashbacks”.
Sem protagonista masculino. Manuela Dias tira a figura masculina do centro e coloca as mulheres como reais donas da história. Algo louvável e inovador, desprendendo a trama tradicional de mocinha e mocinho.
Por fim, “Amor de Mãe” começou ágil e já mostrou para o público o que veio dizer. Se a grande massa vai comprar o drama de Vitória, Lurdes e Thelma, só o tempo dirá. Contudo, será um prazer ver Thais Araújo, Regina Casé e Adriana Esteves brilhando por alguns meses em nossas telas.
Além disso, Manuela Dias, que fez as séries de sucesso “Justiça” e Ligações Perigosas” terá que se adequar ao que o público do horário das nove pede. Ela teve que reescrever várias vezes o roteiro, isso por pedido da direção da Globo, que comprou a história, mas quis refiná-la ao gosto de quem assiste.
Sorte nossa, que teremos sangue novo no horário mais nobre da TV. O sucesso de “Amor de Mãe” pode mudar os parâmetros de tramas mais mastigadas e popularescas para textos mais elaborados e inteligentes. Aguardemos os próximos capítulos.