Durante anos a Globo se comportou como uma produtora cultural que ditava as regras e os costumes de um país, através de suas novelas. A atual gestão da emissora, na área de dramaturgia, parece não dominar o assunto e prefere o certo ao duvidoso.
Há dois anos, Mário Teixeira, nos brindava com “Mar do Sertão”, uma novela regionalista, que fez grande sucesso. Diante da falta de criatividade de seus autores, a Globo resolveu fazer algo que é comum nas novelas mexicanas, mas não no Brasil: a continuação de suas novelas.
A Globo está no ar há 60 anos e acostumou os brasileiros a receber produtos da mais alta qualidade, pois ninguém faz novelas, com tantos capítulos, e tão bem feitas como nós. Éramos uma referência.
“No Rancho Fundo” tem seus méritos. Foi uma novela bem escrita, bem dirigida, bem interpretada. Mas passou aquela impressão de amadorismo por parte da Globo. Por parte da emissora que produz novelas, interruptamente, desde 1965, como se fosse uma Record que só produz tramas bíblicas ou o SBT que só confecciona novelas infantis.
A Globo, diante do poder que tem, não precisava criar uma novela igual a anterior do autor, não era necessário. A emissora tem a mão-de-obra mais qualificada do Brasil, capaz de criar novas histórias de sucesso. “Eta Mundo Melhor” vem aí nessa esteira. Desnecessário. Novela não tem temporadas, não é série. É um novelo que se desenrola de um ponto de partida e fim.
Independente disso, cabe-me elogiar a produção, a cenografia e a direção que foram corretas e, sobretudo, elogiar o trabalho de atores como Andréa Beltrão, Debora Bloch, Luisa Arraes e Eduardo Moscovis.“No Rancho Fundo”, assim como outras tramas do Mário Teixeira, padeceu do mesmo problema: a barriga. A trama se resolveu em 3 meses, o que é natural. Mas a direção do Amauri Soares acredita que deixar uma novela com quase 200 capítulos é o ideal.
Mas a fórmula está à mesa: heróis bem definidos, vilões bem demarcados e coadjuvantes interessantes. Agora nos resta esperar por “Garota do Momento”.