Daniel Ortiz é quase um coringa para o horário das sete da emissora, desde que estreou, como autor solo, numa trama baseada no original de Andréa Maltarolli: “Alto Astral”, o roteirista coleciona sucessos, além da citada trama, ainda citamos: “Haja Coração” e “Salve-se quem Puder”.
Em “Família é Tudo”, estava presente todo o universo que compõe a linguagem do autor: triângulos amorosos; trama que se desconecta com a realidade; texto de fácil entendimento. A novela estreou em março com a dura missão de elevar a audiência do horário, que caiu com a sua antecessora “Fuzuê”. Pelo menos, nesta missão, o resultado foi positivo, a antecessora teve média de 19,3 pontos e “Família é Tudo” deverá sair de cena com 20,8 pontos, um incremento de 1,5 pontos no principal mercado do país.
Com um elenco fraco, poucos conseguiram se destacar: Gabriel Godoy, Grace Gianoukas, Daphne Bozaski e Marcelo Médici conseguiram se sobrepor, ainda que tivessem que vencer o texto pouco criativo e repetitivo do autor.
Arlete Salles, o maior nome do elenco, infelizmente foi pouco aproveitada. O título original da trama “A Vovó Sumiu”, talvez, fosse de fato, o mais crível, uma vez que a protagonista ficava capítulos e mais capítulos sem aparecer. A fase final, cheia de cenas desta brilhante atriz, mostrou que o autor errou em não ter dado mais destaque às gêmeas Frida e Catarina. Arlete roubou a cena e comprovou que o etarismo que existe na escalação de grandes nomes, é uma grande bobagem.
A direção da novela foi outro problema. Algumas cenas, principalmente do encontro das gêmeas, na primeira metade da novela, era, completamente amadora. Porém, aqui fica um adendo: a direção acertou o tom na metade final. Já a direção de atores ficou a desejar: a trama, ambientada em São Paulo, com muitos atores cariocas e seus sotaques, fez parecer que a novela era locada na periferia do Rio de Janeiro e não no subúrbio de São Paulo.
Aqui, mais uma vez, fica evidenciada o erro da atual direção da Globo: “Família é Tudo” era uma novela para, no máximo, 120 capítulos. Teve 177. A história andou em círculos por vários capítulos. Neste caso não tem como culpar os autores, há décadas eles, os diretores e os atores lutam por novelas mais curtas. A gestão passada havia implementado o máximo de 155 capítulos para todos os horários, o número, apesar de longe do ideal, era melhor do que o implementado pela atual gestão, com números próximos ou ultrapassando os 200 capítulos, isso tudo reflete na audiência.
“Família é Tudo” sai de cena e deixa o horário mais tranquilo para receber “Volta por Cima”.